segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Someone


Desde que me conheço, me acho uma pessoa fechada. Vou deixando as pessoas entrando em meu mundo aos poucos, porque se deixar de uma vez sei que vou me apegar demais e quebrar a cara. Tento ser simpática o máximo que eu posso, respondendo um sorriso quando vejo que a pessoa está sorrindo pra mim. Mesmo depois de muitas coisas que vi, ouvi e vivi, ainda acredito no amor. Ainda acredito que um dia o encontrarei, ou ele me encontrará, como tiver que ser. Sou como uma maçã escondida atrás de tantos galhos e folhas no topo de uma árvore, ninguém a vê nem alcança. Até gosto disso. De ficar escondida e esperar que alguém comece a procurar e consiga me achar. De ficar observando tudo no meu canto, ouvindo uma boa música ou só apreciando o nada. Gosto de pensar que ainda serei encontrada, sem ter que gritar ou me desesperar demais.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

At the bottom of the ocean




Tudo estava voltando a ser normal. Julie estava redescobrindo a felicidade que havia esquecido. Steve era um cara incrível, sempre a fazia rir do que fosse. Com o que ela poderia se preocupar? Com apenas um motivo: seu passado. Por incrível que pareça, toda aquela felicidade despertou lembranças enterradas em seu coração. Um dia, depois de passar algumas horas com Sophie e seu irmão mais velho, ela foi pra sua amada casa e começou a ler coisas que todos os dias lia. De uma maneira sabe-se lá como, ela conseguiu sentir algo se mexendo no coração. Era um doce menino, um pouco mais velho que Steve, e muito mais lindo. Era um amor meio "pré-adolescente" que não deu muito certo (sabe como que é, muitas fofocas, muito "ai, acho que não gosta de mim" e muitos problemas). Mas ele estava adormecido em seu coração - pode ser até por isso que houve uma época em que ela se tornou fria e calculista, sem querer saber do amor. Quando se deu conta, uma lágrima estava escorrendo por seu rosto, seguida por outras dez que por sua vez vinham antes de uma tempestade de lágrimas. Ela queria gritar por socorro, mas quem poderia ouví-la? Sophie. A única pessoa que Julie conseguiria conversar. Às vezes era bom ter uma melhor amiga.

domingo, 15 de agosto de 2010

5 pm


Era um dia ensolarado, do tipo que pessoas como Julie não suportavam. Ela estava diferente. Usava um vestido florido com uma sapatilha bege, seu cabelo (agora bem mais comprido) estava preso numa trança. Talvez as férias de verão estavam fazendo bem. Julie e Sophie, sua amiga balconista, estavam dando umas voltas no parque principal da cidadezinha do interior. Ela estava estranhamente feliz. Deitaram-se naquela grama perfeitamente verde do parque, a uns 15 metros do lago, e, como duas crianças de 6 anos, brincaram de desenhar nas nuvens. Entre risos e dores musculares na barriga, Julie foi adormecendo. Dormiu, por aproximadamente 15 minutos. Acordou com Sophie aos berros porque seu irmão acabara de voltar de uma viagem de intercâmbio da Inglaterra. Seu nome era Steve, havia completado 18 anos uma semana antes de voltar. Ele era lindo. Perfeito. Uma brisa passou e brincou com seus cabelos negros, ligeiramente ondulados. E aqueles olhos castanhos que mostravam tamanho amor por sua irmazinha e uma timidez por conhecer a amiga dela? Julie virou uma completa idiota perto dele. Ela havia se proibido de sentir algo daquele tipo, mas, e daí? Ela já estava evitando o amor há muito tempo. Já era hora de enfrentar seus medos e traumas e ter uma vida. Uma vida com uma pitada de amor e borboletas no estômago.