quinta-feira, 21 de julho de 2011

Recomeçar


Chega uma hora, qualquer hora, depois de qualquer tempo de espera, que nossa vida muda. MU-DA. A gente substitui uma carteira rosa cheia de enfeites por uma vermelha escura mais séria (um pouco), troca aquela bota velha e surrada e suja e gasta por uma que valoriza as pernas que mamãe exagerou no fermento, aquela bolsa de pano já rasgada por uma nova de couro. A gente joga fora velhos vícios e manias para dar espaço aos novos. Exclui textos e rasga papéis que carregam lembranças dolorosas demais, mas que, hora ou outra, se aprende a lidar.
Passa a ver a vida de uma maneira diferente, não mais tão indefesa, sabendo escolher os pequenos diamantes para guardar debaixo de 7 chaves numa caixa que carregamos dentro de nós. A gente aprende a lidar com os problemas, e entende que chorar no colo da mãe, da avó, da tia ou melhor amiga faz bem pra lavar e descarregar a alma, não precisando passar vergonha ou tendo que ouvir "chorar é coisa de criança". Para de procurar a felicidade numa outra pessoa, num cara de cabelinho moderno, estiloso e de um sorriso lindo. Aprende a se reerguer ao passar por dificuldades, a mandar na própria TPM e fazer com que ela obedeça. Reclama um pouco daqui, mas luta para ser melhor. Para ser a versão melhor de si mesma.
A gente vai mudando, vai jogando, vai trocando, e vai.
Daí, quando se vê em frente ao espelho, os olhos estão mais claros e brilhantes, a pele está sem manchas e mais corada na área das bochechas, a boca mais vermelha, o sorriso mais largo e sempre presente, as roupas concordando com sua idade. Quem vê andando pela rua, logo se pergunta: "Será um novo amor?". Não, não é um novo amor. É um velho, que sempre existiu mas que havia se ocultado sabe-se lá por qual motivo. E pega, e agarra esse velho amor, e o transforma em novo. Aquela menina doce e inocente já passa a ficar encaixotada num cômodo, para ser usada apenas quando necessário, e em seu lugar aparece uma moça-quase-que-mulher, mais madura e sabendo o que quer. Nada mais de sofrer pelo passado ou se lembrar do que já se foi.
Novos conceitos, novas músicas, novos perfumes, novas roupas, novos filmes, novas matérias, novos amores, novas pessoas.
É chegada a hora de recomeçar a viver.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sentimentos congelados


Tudo estava bem, ou pelo menos achava eu que estava. Ria, me alegrava, corria, sonhava. O brilho do sol sempre motivou meu lado "de bem com a vida", ao atingir minha pele aquecia um coração cheio de esperanças.
Julho chegou, e com ele o inverno também. O frio despertou todas aquelas lembranças amargas e sofridas que tanto lutei para deixá-las para lá. A cada floco de neve que vejo caindo lá fora, vejo um sonho que se despedaçou e nunca poderá ser realizado. Todos esses casacos de lã e cobertores não são capazes de tirar o frio que só ele era (e é) capaz de espantar.
Como fomos nos perder desse modo? Onde foi que nossos caminhos se descruzaram e a vida o afastou de mim? É tão difícil de respirar, o ar de fora é muito gelado e por dentro cada célula implora e suplica por um pouco de calor.
Tantas conversas, antes repletas de risos, hoje já não existem mais. Éramos felizes com nossa vidinha pacata, porém cheia de pequenas alegrias. Mas o vento gelado do inverno arrastou o meu pequeno e tão amado para longe de minha vida. 
Agora, minha realidade é abraçar um travesseiro, ser abraçada pelas cobertas, ser beijada pelo frio, ser amada pelo vazio.
O que me resta é esperar pela primavera, e que com ela venham novos amores, novos risos, novos calores. Mas tudo, tudo, terá um pouco dele. Sempre terá um pouquinho dele dentro de mim.

*esse texto foi criado para a tag "De quinze em quinze", do blog Depois dos Quinze

- Esse texto não tem nada a ver a minha realidade, então pode ser que não esteja tão legal quanto era pra ser ou tenha vários parágrafos.
- Devo pedir desculpas por meu sumiço repentino, tem acontecido várias coisas (boas e ruins) que mal tenho tempo para respirar e/ou pensar.
- Estou com um novo twitter (@cakewithmilk) e mudei o endereço/nome do meu tumblr (Un peu d'amour).