sábado, 24 de setembro de 2011

Boa noite


Deito minha cabeça no travesseiro ao som das badaladas do relógio que anunciam a meia noite. Começo a recordar-me dos diálogos que tive durante o dia inteiro. Fecho os olhos e logo em seguida os abro novamente, repetindo essa sequência de movimentos 4 ou 5 vezes.
Enquanto viro-e-reviro em minha cama tentando achar um lado confortável e acolhedor, me pergunto se tem alguém que me imagina tanto quanto eu o imagino. Se, assim como quando estou me arrumando no meio dos travesseiros, cobertores e afins para sentir-me protegida, há alguém que também arruma o ninho e procura algo para proteger em seus braços, ajeita o colo pra deitar uma cabeça, recita um poema de Mario Quintana pouco antes de sonhar e sussurra a melodia de Clair de Lune.
Toda noite, antes de dormir, dobro meus joelhos e peço a Deus muita força e calma, que a hora de tudo se resolver possa chegar, que enquanto essa hora não chega Ele possa nos guardar, que não nos percamos, que nossos caminhos nunca se desviem. E assim vou seguindo em frente, com fé que tudo vai dar certo e que a felicidade possa invadir meu coração.
Finalmente o sono vem, e com ele milhares de cenas são produzidas em minha mente, sempre com um personagem desconhecido a minha vista, mas tão conhecido para meu coração. E assim, vou imaginando um alguém com as qualidades e feições que eu quiser que tenha, finjo que esse alguém ao meu lado nunca desistirá de mim, que morreremos lado a lado, de mãos dadas e em paz.
Sonho porque sonhar nunca fez mal a ninguém. Estou certa de que aqueles que dizem o contrário certamente não sabem o que é sonhar. Sonho é algo bom, algo doce, sincero e inocente. Quando esse desejo torna-se uma obsessão é que vem a se tornar pesadelo. Sonhar deixa o coração leve, calmo e tranqüilo, assim como pensar que esse alguém existe.
Pego um livro, meu ipod, um ursinho de pelúcia e meu cobertor quentinho e me direciono à cama, noite após noite. E vou seguindo minha rotina noturna, continuo a construção de um mundo só meu onde só habita quem me faz bem (e quem me faz mal eu mostro a língua, dou as costas e tranco a porta).
Meu travesseiro já presenciou tudo isso e muito mais. Compartilhamos lágrimas e sussurros e risos e esperanças e segredos e suspiros. Conforto nunca me faltou quando precisei, ele nunca permitiu que isso acontecesse.
Fecho os olhos e mando meus melhores pensamentos a alguém especial, esteja onde estiver:
“Boa noite, durma bem e que os anjos digam amém”. 

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